terça-feira, 12 de outubro de 2010

Nos últimos dias foram tantas as cartas que escrevi sobre as coisas que não disse, deixando tudo assim então, não dito, não enviado.


(...) E o tempo por aqui me fez ter vontade de te contar que tem feito dias bonitos. Soube que por aí tem chovido. (...)
E eu odeio quando você está sempre certo e de como tem sempre tanta razão. Na primeira noite da minha nova/velha vida sem você, eu só consegui dormir assim: sentindo raiva de você porque mais uma vez você parecia estar certo e nós não dávamos certo mesmo, por termos aquilo que vcê chamou de incompatibilidade de gênios. Eu, com meu gênio forte, você com seu gênio difícil, ou mesmo ao contrário e ainda sim de acordo com o que somos. Odiei você por resumir a gente desse jeito, por fazer de nós apenas o casal do amor que apesar de grande não basta.
E mais uma vez então te odiei por estar jogando todo esse amor enorme fora, e por conseguir me convencer de que ele merecia mesmo ser jogado fora, porque era grande mas não suficiente para mudar os desencontros. Me odiei pelo nosso primeiro encontro, pelo nosso primeiro beijo, pela nossa primeira transa, pelo nosso primeiro mês junto e por todos os outros quatro que vieram depois e que estavam batendo o portão do seu prédio sem que você os tivesse impedido de ir embora ou sequer dito adeus e me fazendo chorar de dor.
Eu já farta dessa dor de amor que não dá certo, de amor pouco, de amor torto, desse meu jeito de amar que parece sempre errado, ou indiferente. Eu fui embora sentindo que meu sentimento era, pra você, indiferente. Então não me restava nada. Eu não voltaria para pegar toalha, câmera, carinho, nada de volta. Que tudo ficasse ali para que se algum dia você quisesse, lembrar de mim. Mas não queria voltar a vê-lo, morreria com meu amor pouco, com a dor de mais um desencontro e de mais uma frustração.
Eu não disse, mas de todos, você não foi apenas o melhor. Foi também o pior. Você deixou amor e dor.
Só que dessa vez muito mais forte do que qualquer outro que tenha deixado só dor. Porque eu amei você, e me senti amada, e depois então desprezada, descartada. E nao sei o porquê, mas sentada naquele banco de metrô eu senti, eu soube, doía diferente.
Era só tristeza nada mais. Descrença, desanimo, desgaste, ou qualquer coisa outra que comece com ‘des’ que traga o tom de despedida.
Eu tentei tanto não pensar em você por todo o resto do dia do nosso fim que toda vez que me escapava a concentração na vida e no dia, ou em qualquer besteira, bobagem, você voltava transbordando meus olhos de lágrimas.
Por isso resolvi viajar. No dia que você me ligou, eu estava viajando. Estava aqui onde faz sol e ouvindo você do outro lado do telefone derramando todas as lágrimas que eu já tinha secado por você. Ouvindo seu choro, eu não senti nada. Senti depois que desligamos quando eu resolvi olhar nossas fotos, ler nossos e-mails trocados. Fazia três dias que eu tinha te mandando a música dos Los Hermanos que me fez pensar em você. E que você tinha respondido com coisas lindas. As mesmas coisas lindas que não existiam mais na quinta-feira de manhã. As coisas lindas que eram poucas, insuficientes, insignificantes. As coisas lindas que não eram capazes de despertar em você esperança na gente e que quando você apagou, me deixou triste mesmo por conta do vazio.
Eu viajei só com isso pra cá: uma bolsa com dois vestidos, sete livros e no peito o vazio da gente que você deixou, ou que não deixou existir. O vazio que suas lágrimas tentaram preencher sem conseguir. O mesmo vazio que você tentou desfazer quando me procurou de surpresa, me pedindo pra voltar. Acontece que aqui tem feito tanto sol. E eu tenho sentido tão pouca fé na gente. Você matou aquela que não era nem tão grande, mas que se engrandecia pelo meu amor por você. E tão pouca fé em tudo o que você diz.
Porque agora que você tem repetido as coisas lindas que não existem, ou que existem mas que você conseguiu transformar em mentiras pra mim, eu não vejo razão alguma ou nenhuma que seja realmente suficiente para eu voltar.
Eu me tranquei nessa casa de vida tranquila só pra não sair novamente pra rua e me machucar por amar você. Me doeu tanto amar você que eu resolvi amar menos. Ou não amar pra não sofrer.
Eu te dei todo o meu amor naquela manhã de quinta, e em todas as outras manhãs desses últimos meses. Dei e ouvi de você que não bastava. Que nosso amor não bastava, quando para mim, ele é o que sempre basta, o que sempre importa.
Essa carta é mesmo pra dizer que em algum canto dessa casa ainda tem amor pra você, porque ainda tem muito amor por você dentro de mim. Mas o que não basta é me pedir apenas para voltar. Você precisa, primeiro, me mostrar que com você os dias serão tão ou mais ensolarados do que os que tem feito por aqui. Ou que vale a chuva quando se está perto. Quando se está, de fato, junto.

desconhecido

3 comentários:

  1. E mais uma vez então te odiei por estar jogando todo esse amor enorme fora,

    éééé...

    cada vez mais me identifico contigo..até na mesma situação nos estamos! Mas somos forteees!! rsrsrs

    Beijoos nova amiga!

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  2. Aleeh, teu blog é lindo!!!
    Amei esse texto ^^
    E como disse já a Luana Ribeiro, eu tbm me identifico... é triste, mas faz parte e a gente supera!

    Beijoos!

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  3. (...)o casal do amor que apesar de grande não basta.

    Dureza ter que admitir isso.
    Mas somos forteees!! #2

    Beeijão Aleeh! :)

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