Você me fez ler um escritor que eu não estava afim para que eu entendesse a sua filosofia de vida.
Fez-me tomar uma garrafa inteira de vinho sozinha com seu atraso e me encontrou de pilequinho só pra rir um pouco dos meus desvarios.
E me fez querer que fosse sábado no domingo …
Você tentou me convencer que estava tudo bem entre nós quando meu coração estava intranqüilo.
E parou de me ouvir em algum momento em que continuei falando, perdendo a parte mais importante da minha história.
Você me deixou sozinha …e ainda estava ao meu lado.
Você tirou o livro que estava no meu colo pra deitar sua cabeça
E absorveu do meu cafuné o melhor calor que havia em mim.
Visitou a minha casa, preencheu o lado esquerdo da minha cama,
E foi embora em algum momento sem se despedir, enchendo com palavras tristes aquela estrofe do meu poema incompleto.
Por que eu não gosto mais de você?
Porque você me fez dançar o bolero de Ravel e cantar com uma voz impecável o melhor jazz que já se ouviu mentalmente.
Porque me fez acreditar que os holofotes estavam todos voltados para mim e que vc era minha platéia, e nem me visitou no camarim quando decretou que o show havia terminado …
Porque você arrancou de mim a inspiração que eu não tinha, me fez bolinar as palavras pra eu escrever pra vc aquelas coisas doces e as esqueceu num canto qualquer do porta-luvas do seu carro … E tinha um coração palpitando ali …
Porque você me fez escutar a mesma música sozinha trilhões de vezes porque a melodia trazia um jeito seu pra perto.
Porque você não tirou nenhuma foto comigo, mas tocou violão olhando nos meus olhos naquele trecho da música em que a palavra amor aparece duas vezes …
Porque você me seduziu completa e absolutamente se fazendo deslumbrante quando não estava disponível afetivamente …
Porque você me roubou a solidão e não me fez companhia …
(Porque eu ainda gostaria de você? Porque quando uma pessoa vai embora, nem sempre o que se sente por ela vai junto …)
Eu quase ainda gosto de você …
sábado, 30 de abril de 2011
Porque você me deu o melhor abraço noturno que alguém já me deu e depois deixou meus braços órfãos.
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Marla Queiroz
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