quinta-feira, 30 de junho de 2011

Descobri a verdade mais terrível da minha vida:

eu sou escrota porque tenho mãe. Se você me visse, visse a pose com que ando pelas ruas, com que brigo em lojas que me atendem mal, com que exijo silêncio da minha vizinha, com que meto meu carro em cima de gente folgada, com que grito com telemarketings, com que dispenso garotos burros. Você diria: aí vai uma menina corajosa, destemida e meio escrota. Talvez muito escrota. Não estou nem aí. No final das contas, minha mãe divide comigo o ódio que sinto de tudo o que dá errado na vida. De tudo o que é chato. Ela escreve cartas inteligentes metendo o pau na minha vizinha e entrega para o síndico, ela corta manga e melão pra mim e manda para a minha casa, pela minha empregada. Ela dá risada e concorda: não tem mesmo homem a sua altura, minha filhinha.

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