Olhando daqui, percebo que pessoas e circunstâncias tiveram um propósito maior na minha vida do que muitas vezes eu soube, pude, aceitei . Parece-me, agora, que cada uma, no seu próprio tempo, do seu próprio modo, veio somar para que eu chegasse até aqui . A vida tem uma sabedoria que nem sempre alcanço, mas que eu tenho aprendido a respeitar, cada vez com mais fé e liberdade . O tempo, de vento em vento, desmanchou o penteado arrumadinho de várias certezas que eu tinha, e algumas vezes descabelou completamente a minha alma . Mesmo que isso tenha me assustado muito aqui e ali, no somatório de tudo, foi graça, alívio e abertura . A gente não precisa de certezas estáticas . A gente precisa é aprender a manha de saber se reinventar . De se tornar manhã novíssima depois de cada longa noite escura . A gente precisa é saber criar espaço, não importa o tamanho dos apertos . A gente precisa é de um olhar fresco, que não envelhece, apesar de tudo o que já viu . É de um amor que não enruga, apesar das memórias todas na pele da alma . A gente precisa é deixar de ser sobrevivente para, finalmente, viver . A gente precisa mesmo é aprender a ser feliz a partir do único lugar onde a felicidade pode começar, florir, esparramar seus ramos, compartilhar seus frutos . Tudo o que eu vivi me trouxe até aqui e sou grata a tudo, invariavelmente . Curvo meu coração em reverência a todos os mestres, espalhados pelos meus caminhos todos, vestidos de tantos jeitos, algumas vezes disfarçados de dor . Eu mudei muito nos últimos anos, mais até do que já consigo notar, mas ainda não passei a acreditar em acaso .
sábado, 31 de dezembro de 2011
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