segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

E a vida continuou correndo ..


segura só pra eu não ter motivos gritantes para uma mudança de destino repentina . Vai tudo bem no trabalho, tudo bem nos estudos, tudo bem em casa, tudo bem com os amigos, os amores, as faltas de amor e os dias de chuva . Chove dia sim, dia não . Mas, por mais que chova quase sempre, há do ' dia não ' de respiro . Eu tenho brechas largas no meio do meu sofrimento, pra eu não sofrer constantemente e não alegar a morte da coitada . Minha vida boa me impede de ser coitada o tanto que eu queria . Eu queria, na verdade, conseguir jogar todos os meus vínculos doces com esse lugar amargo e correr pros seus braços frescos que me esperam tanto, há tanto tempo . Mas a grande verdade é que por mais turvo e oprimido que esteja sendo tudo por aqui, foi aqui que tudo se fez, foi onde eu marquei meus espaços, minhas manias, meus medos, minhas certezas, minhas mentiras, minhas verdades . É aqui o meu dia-a-dia sem muitas máscaras porque viver mascarada o tempo todo transpira demais e transborda pelos cantos quem eu sou . Eu acabo me entregando ridiculamente por aí, mesmo não estando em lugar algum . Tantas vezes eu dormi vazia e me enchi de você por tantos respiros frenéticos, contidos num espaço de segundo, na etapa curta do sono em que os sonhos acontecem e nada é tão grande que consiga separar a minha boca da sua, a nossa verdade da frieza simétrica do mundo . Tantas outras eu dormi cheia de esperanças e acordei com azia da vida por ter me empanturrado de sonhos e por não terem inventado ainda sal de frutas contra realidade . Mas você continua em mim . Eu posso desligar o computador, posso quebrar a televisão, nunca mais ler jornal, fechar os olhos, apertar os punhos, tapar os ouvidos, encher minha boca de tantas outras palavras, de tantos outros cantos que não falem de você . Mas não, nada adianta . Não te cantar não significa não te escrever nas minhas entrelinhas, tapar os ouvidos não significa não te ecoar o tempo todo dentro de mim, no escuro do que é ser eu . Murros ao vento não impedem a dor, olhos fechados também conseguem chorar sua ausência . Jornal, Internet, televisão, fax, rádio, código Morse, sinal de fumaça .. como se a nossa sintonia dependesse, mesmo, disso . É como naquele clipe do Foo Fighters : todas as certezas da minha vida bem na minha frente, depois da parede de vidro . Incontável o quanto eu prometi a mim mesma não te sofrer, não te desesperar, não te lutar, não te falar à quatro ventos pra não te gastar em palavras . Mas você continua latente bem na minha frente, todos os dias, todos os minutos, em cada suspiro de alegria, tristeza ou vazio que saia de mim . Todas as manifestações de vida, na minha, são você . Toda a vida que eu guardei e gastei em porções mínimas, sobraram pra durar em você . Eu que não sei de tantas coisas, continuo crente no que, pros outros, parece incerto . Eu que sempre fui tão imediatista e fugaz, sento agora no cantinho mais confortável de mim, sem aquele desespero do começo, pra esperar você . Eu sei que você vem .

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