sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Não sei se arrumo um namorado ou compro um cachorro.


 É que namorado manda mensagem fofa e faz carinho. Cachorro lambe e sobe na gente. Namorado vai pro futebol com os amigos, cachorro a gente prende na coleira e não tem reclamação. Tô na dúvida. Namorado manda flores, compra presente, leva pro cinema. Cachorro abana o rabo pra todo mundo e faz sujeira. Supondo que eu saia sozinha e chegue tarde, meu cachorro não ia ficar me ligando, pedindo satisfações e ainda ia me receber feliz quando eu chegasse. Meu namorado ia montar um circo, mas iria pro bar com os amigos e fazer a mesma coisa, achando normal e justo. Com namorado tem que ficar discutindo relação, explicando limites, tem que ter paciência. Cachorro a gente educa e dá ração, ele não questiona. Ambos podem ser levados pra passear, ambos ficam no cio. Cachorro a gente adestra, agora namorado... o processo é complicado. Se eu quiser sair de saia curta e blusa transparente, meu cachorro vai ficar feliz. Meu namorado vai ficar de bico e piadinha a noite toda. Atenção redobrada com as cachorras de rua é de extrema importância, seja lá qual for minha escolha. Mas ou um, ou outro! Chega de namorado cachorro, chega de "Meu amor" com rabo balançando pra qualquer uma e sujeira pelo relacionamento. Agora não sei se encaro o pet shop ou a pelada de domingo. Se cuido de botar água ou pego mais uma cerveja na geladeira. Tô na dúvida se aturo latido ou mentiras e desculpinhas. Não, pera, pensando bem, tá mais que decidido! Vou comprar um cachorrinho e não se fala mais nisso. Cá entre nós, uma lambida sincera tá valendo mais que jura barata de amor pra vida inteira e uns chifres bem caros de brinde.

Antigamente eu me desesperava.


Queria dizer "Ei, peraí, fica mais cinco minutinhos. Deixa eu mostrar o quanto sou engraçada. Porque eu sou, sabia? Sou muito divertida! Não tive tempo de mostrar tanta coisa, toma um café e espera?". Ficava me culpando por meses qualquer fim que não partisse de mim. Qualquer fim antes que eu pudesse fechar o ciclo de me encantar-gostar-apaixonar-enjoar. Que afronta pular fora antes do meu tempo! Ainda não pude ser carinhosa, não tinha tido oportunidade de ser cara de pau e louca, como você gosta. Não deu pra socializar com seus amigos chatos, mas eu vou tentar, senta aí um pouco. E queria perguntar por que eles estavam cruzando a porta. O que eu fiz de errado, o que eu fiz de certo, pra eu mudar e ninguém mais sair assim. O que eu não precisava ter dito e tudo que eu não disse e precisava ser ouvido. Fui demais, de menos? Sufoquei, deixei muito solto? Fui muito mais ou menos? Qual é, tem que ter um motivo e eu merecia saber qual era. Era o mínimo. Em outro tempo eu era exatamente assim. Me vestia de erro e tentava freneticamente ser perfeita pra um próximo amor, enquanto meu TOC de mexer no cabelo ia se agravando, porque ser perfeita é difícil demais e as pessoas continuam indo embora, sem parar. E fazer força pra ser espontânea me parece tão automático, que eu não sabia mais o que fazer, mas precisava continuar fazendo. Hoje não! Se for embora, já foi tarde. Chega de perder meu tempo e desperdiçar tudo que eu me esforço tanto pra fazer bem com quem tá comigo olhando pro relógio. Se não tive do meu lado de corpo, mente e coração, te levo até a porta, te convido a sair. De coração, é um favor que me faz. Não vou dizer que sou super bem resolvida e que assisto essa cena sorrindo e tendo certeza que o problema é unicamente dele. Não posso evitar perguntas passando pela minha cabeça, nem a sensação de ter sido metade de tudo que eu poderia ser ou menos que isso. A sensação de que eu podia ter feito tão melhor, que me persegue. Mas não precisa ter um alguém errado, algumas histórias só não são feitas pra durar e eu sei. Tudo que eu podia ter sido ou feito só ia adiar o fim e prolongar a dor. Então mantenho a porta aberta e vou tentando me curar da mania de mexer freneticamente no cabelo enquanto tento ser perfeita e finjo que não me importo. Porque se alguém ficar, tem que ser por mim, desse jeito, sem tirar nem por! Tem que ser assim, de uma forma sincera, pelo mesmo motivo que eu fico: Por amor.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Este é o problema da pessoa emotiva.


Não é que não queira entender, ou enxergar a verdade, ou aceitar a vida pelo simples valor que ela pode ter. O problema de quem sente demais é que, por trás do sentimento, quase sempre há uma cabeça que não pára, uma cabeça que há anos faz psicólogos e pisiquiatras formarem carreira, ganharem dinheiro, serem chamados de doutor. Uma cabeça que pensa o tempo todo, noite e dia, enquanto dorme, come, fala, pensa, lê, assiste televisão, vai ao supermercado, faz prova, trabalha e transa. Nunca pára. (...)
A vida não é fácil pra ninguém, eu não acho. Mas com certeza há pessoas que gastam muito mais tempo de vida pensando no que poderia ter sido, no que foi, no que será e em todas as coisas que ainda darão certo ou errado. Ao mesmo tempo que pensar demais em tudo faz com que você se conheça melhor do que ninguém – o que jamais pode ser uma coisa ruim, ou pode? – pensar demais também faz com que muitos momentos que deveriam apenas serem vividos, mais nada, sejam estragados por uma forte e incontrolável vontade de analisar o que não precisa de análise, de enfiar certezas onde não haviam dúvidas, de forçar barras consigo mesmo acabando exausto, encucado e, claro, cheio de perguntas sem resposta.
Ainda tenho um pouco de pena de quem não pensa em nada, mas invejo um pouco também a habilidade que os mesmos têm de passar pela vida mais leve. Ignorância pode sim ser uma dádiva. Fico triste, e um pouco chocada também, de ver que muitos outros que pensam, acabam excedendo na dose da dor, da auto flagelação, do tarja preta – que vêm na caixa, no copo ou na cabeça – que imobiliza os pensamentos pra propor algum sossego aos que pensam demais, mas paraliza também toda e qualquer real emoção.
A verdade é que ela, assim como eu, não teve nunca a opção de não pensar em nada. Minha cabeça, desde que eu me lembre, sempre foi bagunçada, colorida, ensurdecedoramente alta. Mas, hoje eu vejo, nada de mim seria o mesmo se eu tivesse passado minha vida toda no silêncio. Sim, eu provavelmente teria chorado muito menos lágrimas, arranjado muito menos brigas, mantido muito mais namorados e feito parte de muito mais turmas de amigos iguais (uns aos outros). Entretanto, tivera eu tido a oportunidade, ou talvez a falta de opção, de não pensar tanto, eu jamais estaria onde estou exatamente agora, dividindo minha vida exatamente com todas as pessoas que eu estou, abraçando meus defeitos nuns dias, e querendo encher a cara deles de porrada no outro, sabendo meus limites, descobrindo que quanto mais velha eu fico, mais eu percebo que eu sempre soube quem eu era, e claro, não fosse essa parafernália toda na minha cabeça, nenhuma das minhas dores, dos meus amores e das minhas análises sobre o mundo e as pessoas poderiam ter virado histórias pra contar. E vamos combinar, eu adoro escrever uma história.
Então é isso, antes louca do que muda. Minha caneta nunca vai parar. Amém.

Me peguei escutando a nossa música pela milésima vez seguida.

O coração tava sentindo tanta falta que eu quase não percebi as lágrimas escorrendo pelo rosto contra a minha vontade. Eram muitas, tantas que por um momento fiquei preocupada – meu Deus, eu ainda o amava? Nem sequer lembrava mais de quando tinha sido a minha ultima recaída - eu jurava que já tinha superado. Mas o que era aquele aperto no peito? O que era aquela vontade insaciável de pegar o telefone e ligar pra ele correndo? Será possível que ainda, depois de tanto tempo, existia um restinho de amor incubado no peito? Eu não sabia o que dizer, muito menos o que pensar. Eu já não sabia mais como lidar com aquilo tudo, eu já tinha chorado tantas vezes por ele, já tinha mordido o travesseiro pra ajudar a aguentar a dor no coração tantas vezes mais, mas tudo isso tinha sido antes. Antes de eu superar, antes de eu ser capaz de sair sorrindo por ai sem que o motivo do sorriso fosse ele. Eu não era mais a mesma, meu coração tava mil vezes mais forte. Mas porque diabos eu tava ali, igualzinha a antes, encolhida na cama chorando baixinho pra ninguém ouvir? Melhor, porque é que eu tava chorando? Dizem que a gente só ama uma vez na vida, mas isso não pode ser válido quando o cara não te ama de volta, né? Não podia ser, não pode ser. Seria injusto demais amar pra sempre alguém que não sabia nada sobre o amor. E amor não faz a gente ter vontade de arrancar o coração do peito, amor dá vontade de ter mais corações pra poder ter mais espaço pra amar, certo? Pronto, não era amor, era só a música. A letra era bonita demais, era isso – pela amor de Deus, tinha que ser isso!

Não, eu não consigo parar de lembrar como a gente foi feliz.



Era tão bom gostar de você. Era tão bom ver o seu sorriso ao amanhecer. Coisas assim, meio de filme. Mas a nossa vida é realidade pura. E sem flores. Uma das minhas maiores dores é saber que, não importa quanto tempo passe, eu nunca vou esquecer você.
Você foi a pessoa mais importante da minha vida e com você eu aprendi muita coisa sobre o amor. Mas o amor é que nem um bebê de colo: precisa de cuidados e supervisão constante. Acho que a gente não soube cuidar bem desse bebê. Nem da gente mesmo.

Por que as pessoas se perdem? Eu sempre disse: se não for pra acrescentar alguma coisa, por favor, não bagunça a minha vida. Gosto de quem soma. E a gente somou, você somou, eu somei. Até o momento em que as brigas começaram e a gente fez questão de se diminuir. Por que acabar com uma coisa tão linda?
Seria tão mais fácil se a outra pessoa falasse o que realmente quer e espera. Ficar no jogo de adivinhação só traz sofrimento. Nosso amor teve muitos silêncios e vírgulas. Cheguei a ficar engasgada com tantas reticências. Não dava mais, não estava mais funcionando. É, às vezes as coisas não funcionam. Estragam. Se partem.
Nem sempre é fácil dar a volta por cima, mas é a única saída. Não vejo outra solução para nós dois. Só porque acabou não quer dizer que não deu certo e não foi bom. Nem sempre as coisas são eternas. Mas nem por isso deixam de ser especiais. Por favor, entenda isso. Entenda que o nosso amor deu certo. E me deixa livre para seguir. Eu prometo que te deixo livre para seguir também. Detesto histórias sem fim. Todo mundo precisa de um ponto final para poder começar um novo parágrafo. Boa sorte para nós dois. A gente merece.