sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Antigamente eu me desesperava.


Queria dizer "Ei, peraí, fica mais cinco minutinhos. Deixa eu mostrar o quanto sou engraçada. Porque eu sou, sabia? Sou muito divertida! Não tive tempo de mostrar tanta coisa, toma um café e espera?". Ficava me culpando por meses qualquer fim que não partisse de mim. Qualquer fim antes que eu pudesse fechar o ciclo de me encantar-gostar-apaixonar-enjoar. Que afronta pular fora antes do meu tempo! Ainda não pude ser carinhosa, não tinha tido oportunidade de ser cara de pau e louca, como você gosta. Não deu pra socializar com seus amigos chatos, mas eu vou tentar, senta aí um pouco. E queria perguntar por que eles estavam cruzando a porta. O que eu fiz de errado, o que eu fiz de certo, pra eu mudar e ninguém mais sair assim. O que eu não precisava ter dito e tudo que eu não disse e precisava ser ouvido. Fui demais, de menos? Sufoquei, deixei muito solto? Fui muito mais ou menos? Qual é, tem que ter um motivo e eu merecia saber qual era. Era o mínimo. Em outro tempo eu era exatamente assim. Me vestia de erro e tentava freneticamente ser perfeita pra um próximo amor, enquanto meu TOC de mexer no cabelo ia se agravando, porque ser perfeita é difícil demais e as pessoas continuam indo embora, sem parar. E fazer força pra ser espontânea me parece tão automático, que eu não sabia mais o que fazer, mas precisava continuar fazendo. Hoje não! Se for embora, já foi tarde. Chega de perder meu tempo e desperdiçar tudo que eu me esforço tanto pra fazer bem com quem tá comigo olhando pro relógio. Se não tive do meu lado de corpo, mente e coração, te levo até a porta, te convido a sair. De coração, é um favor que me faz. Não vou dizer que sou super bem resolvida e que assisto essa cena sorrindo e tendo certeza que o problema é unicamente dele. Não posso evitar perguntas passando pela minha cabeça, nem a sensação de ter sido metade de tudo que eu poderia ser ou menos que isso. A sensação de que eu podia ter feito tão melhor, que me persegue. Mas não precisa ter um alguém errado, algumas histórias só não são feitas pra durar e eu sei. Tudo que eu podia ter sido ou feito só ia adiar o fim e prolongar a dor. Então mantenho a porta aberta e vou tentando me curar da mania de mexer freneticamente no cabelo enquanto tento ser perfeita e finjo que não me importo. Porque se alguém ficar, tem que ser por mim, desse jeito, sem tirar nem por! Tem que ser assim, de uma forma sincera, pelo mesmo motivo que eu fico: Por amor.

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