quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Este é o problema da pessoa emotiva.


Não é que não queira entender, ou enxergar a verdade, ou aceitar a vida pelo simples valor que ela pode ter. O problema de quem sente demais é que, por trás do sentimento, quase sempre há uma cabeça que não pára, uma cabeça que há anos faz psicólogos e pisiquiatras formarem carreira, ganharem dinheiro, serem chamados de doutor. Uma cabeça que pensa o tempo todo, noite e dia, enquanto dorme, come, fala, pensa, lê, assiste televisão, vai ao supermercado, faz prova, trabalha e transa. Nunca pára. (...)
A vida não é fácil pra ninguém, eu não acho. Mas com certeza há pessoas que gastam muito mais tempo de vida pensando no que poderia ter sido, no que foi, no que será e em todas as coisas que ainda darão certo ou errado. Ao mesmo tempo que pensar demais em tudo faz com que você se conheça melhor do que ninguém – o que jamais pode ser uma coisa ruim, ou pode? – pensar demais também faz com que muitos momentos que deveriam apenas serem vividos, mais nada, sejam estragados por uma forte e incontrolável vontade de analisar o que não precisa de análise, de enfiar certezas onde não haviam dúvidas, de forçar barras consigo mesmo acabando exausto, encucado e, claro, cheio de perguntas sem resposta.
Ainda tenho um pouco de pena de quem não pensa em nada, mas invejo um pouco também a habilidade que os mesmos têm de passar pela vida mais leve. Ignorância pode sim ser uma dádiva. Fico triste, e um pouco chocada também, de ver que muitos outros que pensam, acabam excedendo na dose da dor, da auto flagelação, do tarja preta – que vêm na caixa, no copo ou na cabeça – que imobiliza os pensamentos pra propor algum sossego aos que pensam demais, mas paraliza também toda e qualquer real emoção.
A verdade é que ela, assim como eu, não teve nunca a opção de não pensar em nada. Minha cabeça, desde que eu me lembre, sempre foi bagunçada, colorida, ensurdecedoramente alta. Mas, hoje eu vejo, nada de mim seria o mesmo se eu tivesse passado minha vida toda no silêncio. Sim, eu provavelmente teria chorado muito menos lágrimas, arranjado muito menos brigas, mantido muito mais namorados e feito parte de muito mais turmas de amigos iguais (uns aos outros). Entretanto, tivera eu tido a oportunidade, ou talvez a falta de opção, de não pensar tanto, eu jamais estaria onde estou exatamente agora, dividindo minha vida exatamente com todas as pessoas que eu estou, abraçando meus defeitos nuns dias, e querendo encher a cara deles de porrada no outro, sabendo meus limites, descobrindo que quanto mais velha eu fico, mais eu percebo que eu sempre soube quem eu era, e claro, não fosse essa parafernália toda na minha cabeça, nenhuma das minhas dores, dos meus amores e das minhas análises sobre o mundo e as pessoas poderiam ter virado histórias pra contar. E vamos combinar, eu adoro escrever uma história.
Então é isso, antes louca do que muda. Minha caneta nunca vai parar. Amém.

Um comentário:

  1. Que não pare mesmo, Amém! ashioahsoiah
    A primeira coisa que me chamou atenção no teu blog foi "Fisioterapeuta" ._. Estou fazendo Graduação em Fisioterapia :) oaihsiahsa
    Mas o mais engraçado, é que sou do mesmo jeito. Gosto muito de pensar, pensar e pensar. E é incrível como detalhes me fazem suspirar, detalhes que ás vezes passam despercebidos por qualquer pessoa que "pensa menos", no sentido de não pensar tão demasiadamente na vida. shasoaishoaihsoahosa Adoreii muiiito teu texto! :D
    Bj e seguindo! ^^

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