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Você leu todos os livros de romance e frustração que seus amigos indicaram, incluindo as crônicas do Carpinejar e da Tati Bernardi.
Viu os filmes dramáticos mimizentos em que mocinhos choravam, se desesperavam, enchiam a cara, ficavam sozinhos, perdiam o grande amor das suas vidas e blá, blá, blá. Você ficava em casa quase cortando os pulsos ouvindo os álbuns antigos do Coldplay e do Radiohead pensando naquela menininha de 13 anos que partiu seu coração quando te disse algo sobre preferir vampiros, sobre você ser feio e meloso demais pra ela. Se encaixou em alguma dessas imagens na sua adolescência? Rapaz, você é um mimado afetivo, daqueles que levam grandes pés na bunda por não ter reconhecido isso ainda. Um grande chato que acredita em todas as desculpas esfarrapadas quando toma um toco – tipo aquela universitária que tinha prova de Ping Pong I e ia passar a noite treinando com a galera do futebol numa festa. Sentimental demais, você pensa em amor de uma forma que venera a 2º geração do Romantismo. Exageradamente trágica, a sua percepção se revela frágil e a sua forma de encarar relacionamentos foi criada numa ratoeira. Só que o mundo é bem maior que isso, Tom Hansen. A sua criação amorosa explica os tocos, o rápido desapego de quem quer que esteja com você, o constrangimento em situações de rejeição e tudo mais. Porque você espera sempre que tudo se desenrole como naqueles romances de Hollywood que você assistia aos Domingos (e sempre escondeu de todo mundo). Você espera sempre que a ação parta dos céus, do destino, do roteirista da sua vida e ansia pela coisa mágica e fantástica dos encontros repentinos e dos amores da vida. É uma percepção que tem um quê de perspectiva derrotista (porque admite a sua passividade amorosa) e o resto de um grande complexo de inferioridade, consequências geradas pelas suas referências amorosas na adolescência e por esse “mimo” afetivo todo que você possui. Talvez você tenha ficado exposto por muito tempo à discografia errada ou tenha assistido Cidade dos Anjos demais com a sua irmã mais nova. Talvez você seja meio bitolado e leve Shakespeare muito a sério. Talvez você realmente acredite que amor é uma coisa fantástica e que a realidade é muito pouco criativa pra você e pra isso tudo que você sempre quis que acontecesse. Mas a minha teoria é a de que você, provavelmente, teve aquela primeira decepção amorosa que a maioria das pessoas tem e resolveu se jogar no abismo de fuga que é a cultura romântica suicida. Amor também faz escola. A sua vida amorosa inteira é moldada de acordo com as suas experiências anteriores, sejam elas positivas ou negativas. E eu poderia dizer que a sua criação amorosa aprendeu a ver as coisas da forma que elas funcionariam numa utopia milagrosa. Mesmo superada aquela fase inicial do encontro, você vai se encontrar tentando atingir aquela visão de amor de cinema e isso frustra. Frustra porque amor é mais complexo do que aqueles 105 minutos de película cinematográfica. Não deixa de ser tão bonito quanto, mas é bem diferente. E esperar que se viva um relacionamento perfeito é declarar a frustração antecipada por não conseguir atingir o sentimento que se espera. Teus amores vão ser sempre insuficientes nessa visão. Insegurança, infelicidade, insatisfação… São alguns do “in” que você mais vai se deparar no seu perfil psicológico em relacionamentos justamente por isso, por enxergar fantasia no que deveria ser real. Mas relaxa. Existem algumas boas soluções testadas e aprovadas durante a História dos Relacionamentos. Você pode atear fogo àquela pilha de livros enganadores que usam frases bonitas e protagonistas que grudam na sua cabeça. Você pode mudar de banda depressiva preferida, fingindo que Coldplay nunca existiu e ouvir um rockzinho bacana. Só não recomendo um Indie Folk, hein. Vala na certa. Você pode conversar com aquela menininha de 13 anos que iniciou isso tudo com o toco do início do texto pra ver se tira alguma lição disso tudo. Ela pode rir e tal de você que não desencanou, mas traumas são traumas e devem ser tratados na raiz. Ou você pode, simplesmente, analisar as coisas nas quais você acredita, tentar novas percepções e abordagens, largar essa passividade, essa coisa derrotista, esse sentimento de inferioridade e pena que tem por si mesmo. Isso pode acabar te levando a algum outro lugar. Não é simples, não é fácil, não é interessante à primeira vista. Mas quem disse que amor é fácil?
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